Resumo de pesquisa

O desenvolvimento da linguagem nas crianças da educação educação infantil


MOREIRA, Luiz Claudio Meira¹
SILVA, Paulo Roberto Nogueira²

1. INTRODUÇÃO: 


A presente comunicação objetiva demonstrar como se dá o desenvolvimento da linguagem na criança da educação infantil por uma perspectiva vygotskiana, analisando a realidade observada em sala de aula e suas implicações no processo de aquisição da linguagem.


1.1 OBJETIVO GERAL:
Analisar o desenvolvimento da linguagem na criança da educação infantil na perspectiva Vygotskyana.

1.2 METODOLOGIA:
A presente pesquisa a ser apresentada pode ser classificada como descritiva-analitica, de natureza básica. 

Quanto a metodologia de trabalho fez a opção pelo método fenomenológico. Esta opção se justifica por permitir analisar o fenômeno .

Utilizamos como instrumento investigativos a observação direta e a coleta de dados secundários e primários da instituição de ensino escolhida; como também a revisão de algumas obras de Lev Semyonovich Vygotsky.

1.3 CONTEXTO DO FENÔMENO OBSERVADO: 
A observação se deu em uma instituição de ensino privada, aqui denominada I.J; trata-se de uma escola de pequeno porte, situada no bairro de Jequiezinho, na cidade de Jequié, no estado na Bahia. 

A escola foi fundada em 1990 com uma sala multisseriada; em 1998 começa a atender crianças da educação infantil até a alfabetização; 1999 passa a tender alunos de 1º a 4º série. 

Contam com 8 docentes, 214 alunos (63 da E.I e 151 do E.F)

Define a sua abordagem como sendo Socio-interacionista.


2. REVISÃO TEÓRICA:
Foram consultados alguns teóricos que abordam a temática, entre eles MIRANDA E SENRA (2012); PIMENTEL (2006), VYGOTSKY (1986) e SOUZA (s/d). 

Segundo SOUZA (S/d) Na perspectiva Vygotskiana, pensamento e linguagem estão ligados e não são dissociáveis. 
A aquisição da linguagem, assim como o desenvolvimento das funções psicológicas superiores ocorre por meio da relação do indivíduo com o meio socio-cultural onde ele está inserido (mediadores). 
É a aquisição de um sistema representativo, que se constitui através de signos, construídos culturalmente.

Segundo MIRANDO E SENRA (2012), o desenvolvimento da linguagem para Vygotsky segue o curso das demais operações mentais, que ocorrem em quatro estágios: 

(a) estágio natural ou primitivo, que corresponde à fala pré-intelectual e ao pensamento pré-verbal; (b) estágio da psicologia ingênua, no qual acontece o exercício da inteligência prática em virtude da experiência da criança com as propriedades físicas do seu corpo e dos objetos que a circundam; (c) estágio das operações com signos exteriores usados como auxiliares na solução de problemas, caracterizado pela fala egocêntrica; e (d) estágio do crescimento interior. Neste, as operações externas se interiorizam e passam por mudança no processo, a criança passa a operar com relações intrínsecas e signos interiores.

A fala egocêntrica possui demasiada importância no desenvolvimento da linguagem. 
MIRANDA E SENRA (2012), Citando Vygotsky, afirma que: 
“a medida em que as crianças se desenvolvem, dirigindo sua fala para comunicações específicas com os outros como, por exemplo, pedir comida ou brinquedo, elas começam a dirigir a fala para si mesmas, levando à internalização de palavras e à constituição da fala interior.
É nesse percurso que a criança passa a internalizar esse sistema representativo socialmente construido; vai desenvolvendo a sua linguagem.

3. ANÁLISE DO FENÔMENO OBSERVADO
Observamos que as crianças são constantemente reprimidas e impedidas de expressarem seus pensamentos; no momento da aula, das brincadeiras propostas, as crianças constantemente manifestavam suas opiniões a respeito do objeto estudado. A docente responsável não gostava muito disso. Para ela, as opiniões validas eram aquelas que correspondiam as suas expectativas; uma resposta assertiva era sempre bem vista. 
Um outro aspecto notado eram os constantes erros de linguagem das crianças; dos mais expressos, estão "melior", para melhor" e "refrinerante" para "refrigerante"; quando tais palavras eram pronunciadas, despertava a ira do professora que imediatamente as corrigia. 
Docente e educandos se comunicavam apenas para discutir sobre a lição, quando indagados; os alunos mantinham profunda conversa entre eles, manifestando suas opiniões sem receio de ser reprimido, corrigido ou discriminado. 
    
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
Sendo a linguagem uma construção social, porque reprimir as crianças de conversarem em horários oportunos? É nas relações com o outro que nos constituímos;  para Vygotsky, a linguagem é adquerida na relação com o outro; eu internalizo esse sistema representativo. Reprimir as crianças só as fará ter medo de se expressarem, e terão cada vez mais dificuldades em internalizar os códigos convencionalmente construídos. 
Como docentes, devemos estimular a criança a participar de seu meio social; fazendo isso estaremos oportunizando esses indivíduos a se constituírem com o outro.   
A linguagem é mais que expressar sons com o aparelho fonador; para Vygotsky, pensamento e linguagem são indissociáveis; dessa forma, estimular o desenvolvimento da linguagem, é também estimular o desenvolvimento das mais sofisticadas estruturas cognitivas, as funções psicológicas superiores.  

5. REFERÊNCIAS: 

1. SOUZA, S. Vygotsky e o desenvolvimento da linguagem: Breviário. Disponivel online em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/direito/vygotsky-e-o-desenvolvimento-da-linguagem-breviario/65817>. Acesso em: 19 de Novembro de 2019.
2. MIRANDA, J.B; , SENRA, L. X. Aquisição e desenvolvimento da linguagem: contribuições de Piaget, Vygotsky e Maturana. Psicologia PT, 15/09/2012. Disponível online em: <https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0306.pdf>. Acesso em: 19 de Novembro de 2019.
3. VYGOTSKY. L.S; LURIA, A.R; LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 11º ed. São Paulo: icone, 2010.
4. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. 4º ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
5. VYGOTSKY, L.S. A construção do pensamento e da linguagem. 1º ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001
6. PIMENTEL, A. Vygotsky: uma abordagem histórico-cultural da educação infantil. PINAZZA, MONICA APPEZZATO.Pedagogias da infância: Dialogando com o passado, construindo o futuro. 1º ed, São Paulo: Artmed, 2016

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